terça-feira, 17 de maio de 2011

Entre a Melancolia e a Solidão...

TEXTO 2.

Um passante caminhado à orla de um turbilhão de sentimentos invasivos. Ou melhor, a “introspectividade” de alguém que se volta para a evasão de si, na medida em que a paisagem externa reflete o “cinza” da alma e a insustentável fugacidade do ser/estar no mundo. Pouco nos importa se a figura está parada ou caminhando de modo lento ou distraído; e, a não ser que nos enganemos com a nossa ótica exteriorista, a única certeza é a melancolia que, nos interstícios originários de nossas ausências, coloca-nos solitários em uma busca peripatética daquilo que se perde no contraste entre as cores laranjas de um céu escatológico e a lugubridade de águas escuras.





Munch exprime em antíteses pictográficas o des/caminhar de alguém que se re-volta na solidão de uma orla crepuscular e anima, incita e provoca nossa atenção para o desenrolar da melancolia em uma con/fusão de sentimentos e tópicas que borram as fronteiras entre os lugares do íntimo e do não-íntimo, que, supostamente, dividem a condição humana das coisas externas, mostrando, assim, que a materialidade do real também desenha os estados da alma que, por sua vez, se aperta, sufocada, entre o psiquismo e a imperatividade categórica dos fatos sociais. O próximo passo, o porvir consequencial é o desespero, o grito...

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